09/09/2024
A história da vinícola Ceretto é um reflexo da dedicação de uma família pela produção de vinhos no Langhe, na Itália. Fundada em 1937, a vinícola é resultado do trabalho de Riccardo Ceretto, que começou a produzir vinho adquirindo uvas de terceiros. A grande transformação veio com a entrada dos filhos Bruno e Marcello, que revolucionaram a vinícola ao focar na importância do terroir e da aquisição de vinhedos.
Os irmãos realizaram um meticuloso estudo para identificar as diferenças entre as zonas do Langhe, percebendo o potencial da região para se tornar uma referência na produção de vinhos. As encostas íngremes e ensolaradas, com seus solos calcários e argilosos, proporcionam um terroir ideal para a produção de uvas, especialmente a Nebbiolo, que dá origem aos icônicos Barolo e Barbaresco.
A Ceretto foi pioneira em introduzir o conceito de "cru" no Langhe, um termo que, na vinicultura, se refere a um vinhedo específico, reconhecido por sua excepcional qualidade e características únicas. Um cru é delimitado geograficamente e possui um terroir singular, composto por uma combinação de elementos, como solo, clima, altitude, exposição solar, que gera uvas com características únicas e cria vinhos com perfil aromático e gustativo distinto, que o diferencia de outros vinhedos.
A Ceretto, com sua visão inovadora e seu compromisso com a qualidade, ajudou a transformar o Langhe em uma das regiões vinícolas mais importantes da Itália, elevando o conceito de terroir e a busca pela expressão individual de cada vinhedo a um novo patamar.
História
Enquanto muitas vinícolas do Langhe começaram sua trajetória como produtores de uvas, Ricardo Ceretto, desde 1930, já produzia seus próprios vinhos, mesmo sem possuir vinhedos próprios. A família, então, dependia da compra de uvas de outros viticultores para dar vida aos seus vinhos.
A virada na história da Ceretto aconteceu na década de 1960, com a entrada dos filhos de Ricardo na empresa, Bruno e Marcello. Os irmãos trouxeram consigo uma visão inovadora para a época: a importância do terroir, a influência do solo e do clima na qualidade do vinho. Enquanto Ricardo relutava em investir na compra de terras, Bruno e Marcello, inspirados pelos vinhedos da Borgonha, reconheceram o potencial do Langhe e a necessidade de controlar a origem de suas uvas.
Com essa convicção, os irmãos iniciaram um meticuloso mapeamento das terras que produziam os melhores vinhos da região. A partir daí, começaram a adquirir vinhedos nas melhores zonas do Langhe e Roero, incluindo alguns dos mais renomados crus de Barolo e Barbaresco. Em 1970 foi adquirida a primeira vinha própria, Bricco Asili, em Barbaresco, e a adega com o mesmo nome foi construída.
Os anos seguintes foram marcados por uma série de acontecimentos que ditaram o rumo da empresa: em 1976 foi fundada a cantina para a vinificação do Moscato d'Asti e em 1978 foi adquirido o cru Bricco Rocche, em Castiglione Falletto, e a construída a adega anexa ao vinhedo. Em 1999, a nova geração, representada por Lisa, Roberta, Alessandro e Federico, filhos de Bruno e Marcello, ingressa na empresa, garantindo a continuidade da tradição familiar.
A consagração da visão de Bruno e Marcello veio em 2014, quando a UNESCO declarou as paisagens vitícolas de Langhe-Roero Patrimônio Mundial da Humanidade. Essa honraria confirmou a importância do terroir do Langhe, que a Ceretto ajudou a construir e valorizar.
A Ceretto não apenas preservou o legado familiar, mas também se tornou um modelo de sucesso, transformando o Langhe em uma referência mundial na produção de vinhos. A vinícola continua a ser um exemplo de excelência, guiada por uma abordagem coletiva e respeitosa, sempre atenta à qualidade e ao futuro.
Vinhedos e cultivo
Desde o início das atividades agrícolas, Bruno e Marcello voltaram suas atenções à sustentabilidade ambiental, buscando um equilíbrio entre a produção de vinhos excepcionais e o respeito pela natureza. Há 20 anos a vinícola eliminou o uso de pesticidas e fertilizantes químicos, e adotou práticas que promovem a biodiversidade e a saúde do solo.
Em 2015, todo esse trabalho foi reconhecido e a vinícola obteve a certificação orgânica. Inspirada pela filosofia de Rudolf Steiner, estudioso que criou o conceito de agricultura biodinâmica, a Ceretto utiliza técnicas que flertam com a filosofia, como a adubação verde, que nutre o solo naturalmente. A crença é que uma planta só é verdadeiramente saudável quando o solo onde cresce também o é. Assim como os seres humanos, a vinha respira e se alimenta do que a cerca.
A busca pela expressão máxima do terroir, o conjunto de fatores que moldam o caráter do vinho, guia as ações da Ceretto. Desde o solo e o clima até a disposição das vinhas e o cuidado do homem que as cultiva, cada elemento é considerado fundamental. A vinícola acredita que o respeito pelo ecossistema e a busca pela saúde da planta são os pilares para a produção de vinhos que expressem a personalidade de cada terroir.
Hoje, a família Ceretto é uma das maiores proprietárias de vinhedos no Piemonte, com mais de 160 hectares de terra localizados nas áreas mais prestigiosas de Langhe e Roero, incluindo propriedades em zonas DOCGs de Barolo e Barbaresco. Possui cultivo das variedades Arneis, Riesling, Moscato, Barbera, Nebbiolo, Dolcetto, Cabernet Sauvignon, Merlot e Syrah.
A família Ceretto possui quatro vinícolas independentes, cada uma dedicada à produção de vinhos únicos e distintos:
Bricco Rocche, em Castiglione Falletto, é o lar do famoso Barolo cru.
Bricco Asili, em Barbaresco, é o lar do Barbaresco cru.
Tenuta Monsordo Bernardina, em Alba, produz vinhos das áreas de Langhe e Roero.
Vignaioli di Santo Stefano, em Santo Stefano Belbo, é especializada na produção de vinhos Moscato.
Vinificação
Na Ceretto a filosofia "o vinho é feito na vinha" permeia todas as práticas. A busca pela expressão máxima do terroir é o norte que guia cada etapa da produção. A vinificação é uma jornada que não se resume à adição de ingredientes, mas à criação das melhores condições para que o vinho expresse sua verdadeira identidade. Por isso, a vinícola não dá luz aos processos de vinificação, pois eles são coadjuvantes.
Essa perspectiva foi apresentada por Alessandro Ceretto, terceira geração da família. Após anos de experiência em vinícolas ao redor do mundo, ele percebeu que a chave para desvendar o terroir do Langhe estava em minimizar a intervenção humana.
Inspirado por produtores franceses como Pierre Overnoy e Nicolas Joly, Alessandro compreendeu que as receitas tradicionais da enologia, embora eficazes, podem ofuscar a individualidade do terroir. Ele optou por um caminho diferente, baseado na subtração, buscando o mínimo de intervenção possível.
Em 2008, Alessandro iniciou a fermentação dos crus sem leveduras selecionadas, utilizando o processo “pé de cuba”, que consiste em colocar um punhado de uvas esmagadas em um recipiente para que desenvolva uma comunidade de leveduras indígenas, multiplicando as que estavam presentes tanto nas uvas como nas instalações da adega. Essa técnica, além de preservar a identidade do terroir, garante uma maceração pelicular ideal, com duração de cerca de 20 dias, e protege o mosto com o dióxido de carbono produzido pela fermentação.
A Ceretto também reduziu o uso de madeira nova na adega, optando por barricas que já haviam sido utilizadas para o envelhecimento de vinhos. A lógica é a mesma: preservar a identidade do vinho, sem que os aromas e taninos da madeira nova dominem seu perfil aromático.
Vinhos
Os vinhos da Ceretto são reconhecidos por sua capacidade de refletir fielmente o caráter único de cada terroir. A vinícola se orgulha de oferecer vinhos frutos de uma abordagem que reverencia a tradição sem se curvar às modas passageiras do mundo do vinho. A Ceretto se recusa a ser guiada por tendências efêmeras.
A busca pela identidade autêntica do terroir prevalece sobre modismos. A vinícola acredita que o ingrediente de cada tendência passageira (barrica, concentração, doçura) é justamente o que dilui a identidade do vinho, levando a um mercado homogêneo e padronizado.
A Ceretto opta por uma abordagem diferente: o papel da vinícola é acompanhar o vinho, sem impor um caminho pré-determinado, oferecendo as melhores condições para que ele revele seu caráter de forma espontânea.
Essa busca pela autenticidade se reflete na escolha de técnicas de vinificação que realçam as características primárias das uvas, como a fermentação em tanques de aço, que fortalece a expressão da variedade e realça a sensação de frescor e as notas olfativas. A utilização de barricas velhas ajuda a preservar a identidade do vinho, sem que os aromas e taninos da madeira nova dominem seu perfil aromático.
Os vinhos da Ceretto são, em geral, muito profundos e complexos, com leveza aromática e uma estrutura tânica firme na boca. Possuem um perfil gastronômico, com acidez elevada e taninos domados, o que os torna versáteis à mesa. São vinhos de longa vida, com taninos prodigiosos e grande acidez: elementos que estão na base de sua notável capacidade de envelhecimento.
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