02/09/2024
Poucas famílias têm uma tradição no mundo do vinho como os Antinori. Elaborando vinhos na Toscana desde 1397 e agora na sua vigésima-sétima geração como vinhateiros, esta família da nobreza italiana seguiu rumos distintos por algum tempo. Enquanto Piero Antinori assumiu os negócios da família, seu irmão Lodovico seguiu caminho distinto, criando ícones como Ornellaia e Masseto.
Porém, isso não significa que os vários ramos da família não possam trabalhar em harmonia. No início dos anos 2000, os dois irmãos lançaram, em conjunto com a irmã Ilaria, um novo projeto, a Tenuta di Biserno. Localizada em Bibbona, a norte de Bolgheri, esta vinícola tem foco em vinhos elaborados a partir de variedades francesas. Desde 2014 tem, como diretor-geral, Niccolò Marzichi Lenzi, filho de Ilaria e sobrinho de Piero e Lodovico.
Vinhedos e vinificação
A Tenuta di Biserno conta com 96 hectares de vinhedos próprios, cultivados de acordo com os princípios da agricultura sustentável. São duas propriedades diferentes: Tenuta Campo di Sasso e Tenuta di Biserno, cada uma com um foco distinto. São 56 hectares na Tenuta Campo di Sasso, onde a Syrah é a uva dominante, seguida pela Vermentino e pelas variedades de Bordeaux, como Cabernet Franc, Merlot, Cabernet Sauvignon e Petit Verdot.
Já na propriedade que leva o nome da vinícola são 40 hectares, dedicados às uvas bordalesas. A Merlot lidera em termos de área plantada, seguida por Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon e Petit Verdot. Dentro desta propriedade, o destaque fica com uma área de cerca de seis hectares, que dá origem ao principal vinho da vinícola, o Biserno.
A localização da Tenuta di Biserno
A vinificação é clássica, com uso de 100% de uvas desengaçadas, controle de temperatura durante a fermentação e utilização moderada de sulfitos. De forma geral, todos os vinhos tintos envelhecem em carvalho, enquanto a escolha do uso do tipo é baseada na complexidade desejada do vinho e/ou safra. Normalmente, os vinhos de nível mais básico passam somente por carvalho usado, enquanto o vinho principal faz estágio entre 70% e 80% de barricas franceses novas.
Vinhos da Tenuta Campo di Sasso
A partir de uvas desta propriedade, dois vinhos são produzidos. O Insoglio del Cinghiale é um corte de Syrah (geralmente entre 35% a 45% do blend, variando de acordo com a safra), Merlot, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Petit Verdot. Com uma produção de cerca de 300 mil garrafas ao ano (60% do total da vinícola), é um vinho polivalente e versátil, pronto para consumo imediato e com janela de consumo ideal até cinco anos. Fermenta em aço inox, com passagem por barricas de 225 litros de carvalho usado.
Já o Occhione é um monovarietal de Vermentino, o único vinho branco elaborado pela Tenuta di Biserno. Sua elaboração é inteiramente em aço inoxidável, resultando em um branco fresco, frutado, vertical e agradável de beber.
Vinhos da Tenuta di Biserno
Nesta propriedade têm origem as uvas usadas para dois vinhos, ambos cortes usando exclusivamente uvas bordalesas: Il Pino di Biserno e Biserno. Embora não haja dúvidas de que o Biserno seja a principal referência de qualidade da vinícola, não existe prática similar ao que ocorre nos châteaux de Bordeaux. Aqui não há um primeiro e segundo vinho (que usa uvas do primeiro quando em condições não ideais): são duas propostas distintas.
Il Pino di Biserno é um corte (que varia de acordo com a safra) de Merlot (geralmente variedade dominante), Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Petit Verdot. É um tinto que objetiva trazer frescor e exuberância (a colheita é cerca de 10 dias anterior ao Biserno), sendo mais fácil de beber quando jovem. A produção varia bastante de acordo com a safra, quando a qualidade das uvas não atinge o patamar esperado, as uvas são usadas no Insoglio del Cinghiale.
Por fim, o Biserno é o flagship da vinícola, onde complexidade e profundidade ganham destaque. Sua composição inclui partes iguais de Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon e Merlot, com uma pequena parcela de Petit Verdot. É um vinho elegante e de taninos finos, que geralmente passa 18 meses em barricas de carvalho francês, das quais 70% a 80% novas. Nas palavras de Niccolò Marzichi Lenzi, difere de outros ícones da região, como Ornellaia ou Sassicaia, por ser menos austero e mais frutado.
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